As Boas Novas Segundo Lucas 11:1-54

11  Numa ocasião, ele estava em certo lugar a orar e, quando parou, um dos seus discípulos disse-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar, assim como João ensinou os discípulos dele.”  Ele disse-lhes: “Sempre que orarem, digam: ‘Pai, santificado seja o teu nome.+ Venha o teu Reino.+  Dá-nos, cada dia, o nosso pão, segundo as nossas necessidades diárias.+  E perdoa-nos os nossos pecados,+ pois nós também perdoamos a todo aquele que está em dívida para connosco;+ e não nos leves à tentação.’”+  Então, ele disse-lhes: “Digamos que um de vocês tenha um amigo e vá procurá-lo à meia-noite, e lhe diga: ‘Amigo, empresta-me três pães,  porque um amigo meu acaba de chegar de uma viagem e eu não tenho nada para lhe oferecer.’  Mas ele responde lá de dentro: ‘Não me incomodes mais. A porta já está trancada e os meus filhos estão comigo na cama. Não posso levantar-me e dar-te alguma coisa.’  Digo-vos: Ele certamente se levantará para lhe dar tudo o que necessita, não por ser seu amigo, mas por causa da sua persistência e ousadia.+  Portanto, digo-vos: Persistam em pedir,+ e ser-vos-á dado; persistam em procurar, e encontrarão; persistam em bater, e ser-vos-á aberto.+ 10  Pois todo aquele que pede, recebe;+ e todo aquele que procura, encontra; e a todo aquele que bater, abrir-se-á. 11  Realmente, qual é o pai entre vocês que, se o filho lhe pedir um peixe, lhe entregará uma serpente em vez de um peixe?+ 12  Ou, se lhe pedir também um ovo, lhe entregará um escorpião? 13  Portanto, se vocês, embora maus, sabem dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai, no céu, dará espírito santo aos que lhe pedirem!”+ 14  Mais tarde, ele expulsou de um homem um demónio mudo.+ Depois de o demónio sair, o mudo falou, e as multidões ficaram maravilhadas.+ 15  Mas alguns disseram: “Ele expulsa os demónios por meio de Belzebu, o governante dos demónios.”+ 16  E outros, para o testarem, começaram a pedir-lhe um sinal+ do céu. 17  Conhecendo os pensamentos deles,+ ele disse-lhes: “Todo o reino dividido contra si mesmo cai em ruína, e uma casa dividida contra si mesma cai. 18  Da mesma forma, se Satanás também está dividido contra si mesmo, como é que o seu reino ficará de pé? Pois vocês dizem que eu expulso os demónios por meio de Belzebu. 19  Se eu expulso os demónios por meio de Belzebu, por meio de quem é que os vossos filhos os expulsam? É por isso que eles vos julgarão. 20  Mas, se é por meio do dedo de Deus+ que eu expulso os demónios, o Reino de Deus, realmente, alcançou-vos.*+ 21  Quando um homem forte, bem armado, guarda o seu palácio, os seus bens ficam seguros. 22  Mas, quando alguém mais forte do que ele o ataca e vence, tira-lhe todas as armas em que confiava e reparte as coisas que lhe tirou. 23  Quem não está do meu lado está contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha.+ 24  “Quando um espírito impuro sai de um homem, ele passa por lugares áridos à procura de onde descansar e, quando não encontra nenhum, diz: ‘Voltarei para a minha casa, da qual me mudei.’+ 25  E, ao chegar, encontra a casa varrida e decorada. 26  Então, ele vai e traz consigo outros sete espíritos, ainda piores do que ele, e, depois de entrarem, ficam lá a morar. Assim, a situação final deste homem torna-se pior do que no início.”+ 27  Enquanto ele dizia isto, uma mulher da multidão disse-lhe bem alto: “Feliz o ventre que te carregou e os seios que te amamentaram!”+ 28  Contudo, ele disse: “Não, em vez disso, felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática!”+ 29  Enquanto as multidões se aglomeravam, ele começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Procura um sinal,* mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal de Jonas.+ 30  Pois, assim como Jonas+ foi um sinal para os ninivitas, assim será o Filho do Homem para esta geração. 31  A rainha do sul+ será levantada no julgamento com os homens desta geração e irá condená-los, porque ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Mas, agora, está aqui alguém maior do que Salomão.+ 32  Os homens de Nínive irão levantar-se no julgamento com esta geração e condená-la, porque se arrependeram com o que Jonas pregou.+ Porém, agora, está aqui alguém maior do que Jonas. 33  Depois de acenderem uma lâmpada, as pessoas colocam-na não num lugar oculto nem debaixo de um cesto, mas em cima de um suporte,+ para que os que entram possam ver a luz. 34  A lâmpada do corpo é o olho. Quando o teu olho está focado, todo o teu corpo também é luminoso;*+ mas, quando é invejoso, o teu corpo também é escuro.+ 35  Por isso, tem cuidado para que a luz que há em ti não seja escuridão. 36  Portanto, se todo o teu corpo for luminoso, sem nenhuma parte escura, todo ele será tão luminoso como uma lâmpada que te ilumina com a sua luz.” 37  Depois de ter dito isto, um fariseu pediu-lhe que comesse com ele. Por conseguinte, entrou e recostou-se à mesa. 38  No entanto, o fariseu ficou surpreso quando viu que ele não se lavou antes da refeição.+ 39  Mas o Senhor disse-lhe: “Ora, vocês, fariseus, limpam por fora o copo e o prato, mas, por dentro, estão cheios de ganância* e de maldade.+ 40  Insensatos! Aquele que fez o exterior também fez o interior, não fez? 41  Portanto, deem aos pobres do que está no íntimo, e, então, tudo a vosso respeito será limpo.*+ 42  Mas ai de vocês, fariseus, porque dão o décimo da hortelã, da arruda e de todas as outras* ervas,*+ mas desconsideram a justiça* e o amor a Deus! Tinham a obrigação de fazer estas coisas, mas sem desconsiderar as outras.+ 43  Ai de vocês, fariseus, porque gostam muito dos primeiros assentos nas sinagogas e dos cumprimentos nas praças públicas!+ 44  Ai de vocês, porque são como aquelas sepulturas* que não são facilmente vistas,+ e os homens andam sobre elas sem saber!” 45  Em resposta, um dos peritos na Lei disse-lhe: “Instrutor, ao dizeres estas coisas, também nos insultas.” 46  Ele disse então: “Ai de vocês também, peritos na Lei, porque põem sobre os homens cargas difíceis de levar, mas vocês mesmos não tocam nas cargas nem com um só dedo!+ 47  “Ai de vocês, porque constroem os túmulos* dos profetas, mas os vossos antepassados mataram-nos!+ 48  Certamente, vocês são testemunhas das ações dos vossos antepassados e, mesmo assim, aprovam-nas, pois eles mataram os profetas,+ mas vocês constroem os túmulos deles. 49  Foi por isso que a sabedoria de Deus também disse: ‘Vou enviar-lhes profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão alguns deles,+ 50  para que o sangue de todos os profetas, derramado desde a fundação do mundo, seja cobrado* desta geração,+ 51  desde o sangue de Abel+ até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e a casa.’+ Sim, digo-vos, será cobrado* desta geração. 52  “Ai de vocês, peritos na Lei, porque se apoderaram da chave do conhecimento. Vocês próprios não entraram e tentam impedir os que estão a entrar!”+ 53  Assim, quando saiu dali, os escribas e os fariseus começaram a pressioná-lo fortemente e a fazer-lhe muitas outras perguntas, 54  armando ciladas para o apanhar nalguma coisa que dissesse.+

Notas de rodapé

Ou: “já chegou até vocês; apanhou-vos de surpresa”.
Ou: “uma prova milagrosa”.
Ou: “cheio de luz”.
Ou: “coisas saqueadas (roubadas)”.
Ou, possivelmente: “tudo será limpo (puro) para vocês”.
Ou: “todos os outros tipos de”.
Ou, possivelmente: “hortaliças”.
Ou: “o julgamento justo”.
Ou: “aqueles túmulos memoriais”.
Ou: “túmulos memoriais”.
Ou: “exigido”.
Ou: “exigido”.

Notas de estudo

Senhor, ensina-nos a orar: Lucas é o único escritor dos Evangelhos que menciona este pedido, feito cerca de um ano e meio depois de Jesus ter ensinado a oração-modelo no Sermão do Monte. (Mt 6:9-13) Pode ser que o discípulo não estivesse presente naquela ocasião e que, por isso, Jesus tenha bondosamente repetido os pontos principais da oração-modelo. Orar fazia parte da vida e da adoração dos judeus. As Escrituras Hebraicas contêm muitas orações, tanto nos Salmos como em outros livros. Assim, parece que o discípulo não estava a dizer que não sabia orar ou que nunca tinha orado. Além disso, pelos vistos, ele conhecia as orações que os líderes religiosos do judaísmo faziam por mera formalidade. Mas agora ele tinha visto Jesus orar e, provavelmente, percebeu que havia uma enorme diferença entre o modo de Jesus orar e as orações dos líderes religiosos, que oravam para serem vistos por outros. — Mt 6:5-8.

santificado: Ou: “tido como sagrado; tratado como santo”. Ao pedir isso, os discípulos de Jesus expressam o desejo de que todas as criaturas inteligentes, tanto no céu como na Terra, tratem o nome de Jeová como santo. Também é um pedido para que Deus limpe o seu nome, que está a ser manchado desde que Adão e Eva se rebelaram no jardim do Éden.

nome: Refere-se ao nome de Deus, representado pelas quatro letras hebraicas יהוה (YHWH) e, geralmente, traduzido em português como “Jeová”. Na Tradução do Novo Mundo, o nome de Deus aparece 6979 vezes nas Escrituras Hebraicas e 237 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. (Para mais informações sobre o uso do nome de Deus nas Escrituras Gregas Cristãs, veja os Apêndices A5 e C1.) Na Bíblia, a palavra “nome” também pode referir-se à própria pessoa, à sua reputação e a tudo o que ela afirma ser. — Compare com Êx 34:5, 6; Ap 3:4, nota de rodapé.

Venha o teu Reino: O Reino de Deus é uma maneira de Jeová exercer a sua soberania sobre a Terra. A expressão “venha o teu Reino” é um pedido para que Deus torne, de uma vez por todas, o seu Reino (com o seu Rei messiânico e os que governarão juntamente com ele) o único governo sobre a Terra. A ilustração de Jesus registada em Lu 19:11-27 mostra que a ‘vinda’ do Reino está relacionada com a execução de um julgamento em que os inimigos de Deus serão destruídos e os que esperam pelo Reino serão recompensados. (Veja Mt 24:42, 44.) O Reino vai destruir o atual sistema de coisas, incluindo todos os governos humanos, e trará um novo mundo onde haverá justiça. — Da 2:44; 2Pe 3:13; Ap 16:14-16; 19:11-21.

Sempre que orarem, digam: A oração que Jesus ensinou nos versículos 2b a 4 é muito parecida com a oração-modelo, que ele tinha ensinado cerca de um ano e meio antes no Sermão do Monte. (Mt 6:9b-13) Mas Jesus não repetiu a mesma oração palavra por palavra. Isso mostra que o objetivo dele não era que os discípulos recitassem aquela oração de cor, de forma mecânica. É interessante notar que as orações que Jesus e os seus discípulos fizeram mais tarde não tinham exatamente a mesma estrutura e as mesmas palavras da oração-modelo.

santificado: Veja a nota de estudo em Mt 6:9.

nome: Veja a nota de estudo em Mt 6:9.

Venha o teu Reino: Veja a nota de estudo em Mt 6:10.

o nosso pão, segundo as nossas necessidades diárias: Muitas vezes, as palavras hebraica e grega para “pão” eram usadas com o sentido de “alimento”. (Gén 3:19, nota de rodapé) Jesus estava a mostrar que os seus discípulos podem pedir com confiança que Deus lhes dê, não uma enorme quantidade de provisões, mas o necessário para cada dia. Esse pedido lembra-nos da ordem que Deus deu aos israelitas a respeito do maná: eles deviam ajuntar apenas “a sua porção diária”. (Êx 16:4) Na oração-modelo que Jesus tinha ensinado cerca de um ano e meio antes, ele incluiu um pedido parecido com esse, mas não usou exatamente as mesmas palavras. (Mt 6:9b-13) Isso indica que o objetivo de Jesus não era que essa oração fosse recitada de cor, palavra por palavra. (Mt 6:7) Quando Jesus repetia um ensino importante – como fez aqui ao falar sobre oração – ele ensinava de uma forma que podia ser entendida mesmo por quem estava a ouvir o assunto pela primeira vez. Ao mesmo tempo, quem já tinha ouvido Jesus falar sobre aquele assunto antes também tirava proveito porque era lembrado dos pontos principais que tinha aprendido.

dívidas: Refere-se a pecados. Quando pecamos contra outra pessoa, é como se ficássemos em dívida com ela. Temos uma obrigação para com a pessoa e precisamos de pedir o seu perdão. Para recebermos o perdão de Deus, precisamos de perdoar os nossos devedores, ou seja, os que pecaram contra nós. — Mt 6:14, 15; 18:35; Lu 11:4.

não nos leves à tentação: Ou: “não nos deixes cair em tentação”. Na Bíblia, dizer que Deus causou uma situação pode significar apenas que ele permitiu que ela acontecesse. (Ru 1:20, 21) Jesus não estava a dizer aqui que Deus causa tentações para nos fazer pecar. (Tg 1:13) Em vez disso, Jesus estava a incentivar os seus discípulos a orarem a pedir que Deus os ajudasse a não ceder à tentação. — 1Co 10:13.

aquele que está em dívida para connosco: Ou: “aquele que peca contra nós”. Quando pecamos contra uma pessoa, ficamos de certa forma em dívida para com ela. Temos uma obrigação para com ela e precisamos de pedir o seu perdão. Na oração-modelo que Jesus ensinou no Sermão do Monte, ele usou a palavra “dívidas”, em vez de pecados. (Veja a nota de estudo em Mt 6:12.) A palavra grega para perdoar significa literalmente “deixar ir embora”, ou seja, deixar uma dívida “ir-se embora”, não exigindo que ela seja paga.

não nos leves à tentação: Veja a nota de estudo em Mt 6:13.

Amigo, empresta-me três pães: Na cultura do Médio Oriente, as pessoas acham muito importante ser hospitaleiras e gostam muito de receber outros, conforme mostra a ilustração de Jesus. Nessa ilustração, o amigo chegou à meia-noite, o que talvez não fosse tão incomum devido aos imprevistos que podiam surgir nas viagens daquela época. Mesmo sem esperar aquela visita, o hospedeiro sentiu-se na obrigação de dar ao amigo algo para comer. Ele até achou que tinha de incomodar o vizinho àquela hora da noite para pedir alimento emprestado.

Não me incomodes mais: O vizinho na ilustração não estava muito disposto a ajudar, não por ser antipático, mas porque já estava a dormir. Muitas casas daquela época, principalmente as dos pobres, eram apenas uma divisão grande. Se aquele homem se levantasse, provavelmente acordaria a família inteira, incluindo os seus filhos pequenos.

persistência e ousadia: Esta expressão traduz uma palavra grega que significa literalmente “falta de modéstia” ou “falta de vergonha”. No entanto, neste contexto, indica ousadia e persistência. O homem da ilustração de Jesus não teve vergonha de insistir em pedir aquilo de que precisava, e Jesus disse aos seus discípulos que também deveriam ser persistentes nas suas orações. — Lu 11:9, 10.

Persistam em pedir, [...] procurar, [...] bater: A expressão “persistam em” é usada aqui porque o tempo verbal grego indica uma ação contínua. Esta expressão mostra que uma pessoa nunca deve desistir de orar. O uso de “pedir”, “procurar” e “bater” em sequência intensifica a ação que ela deve tomar. Jesus disse algo parecido na ilustração em Lu 11:5-8.

Persistam em pedir, [...] em procurar, [...] em bater: Veja a nota de estudo em Mt 7:7.

vocês, embora maus: Como todos os humanos herdaram o pecado, todos são imperfeitos e, de certa forma, são maus.

quanto mais: Jesus usava muito esse tipo de raciocínio. Primeiro, ele falava de um facto muito óbvio ou de algo que todos conheciam bem. Depois, usava esse facto para ajudar os seus ouvintes a entender uma verdade maior e mais importante. — Mt 10:25; 12:12; Lu 11:13; 12:28.

vocês, embora maus: Veja a nota de estudo em Mt 7:11.

quanto mais: Veja a nota de estudo em Mt 7:11.

Belzebu: Possivelmente, uma variação do nome Baal-Zebube, que significa “dono (senhor) das moscas”. Esse era o Baal adorado pelos filisteus em Ecrom. (2Rs 1:3) Alguns manuscritos gregos usam as variações Beelzeboúl e Beezeboúl, que talvez signifiquem “dono (senhor) da morada (habitação) elevada”. Outra possibilidade é que essas variações sejam um jogo de palavras com o termo hebraico zével (esterco), que não aparece na Bíblia. Se esse for o caso, Beelzeboúl e Beezeboúl significam “dono (senhor) do esterco”. Assim como Lu 11:18 mostra, o nome Belzebu é usado para se referir a Satanás – o príncipe, ou governante, dos demónios.

casa: Na língua original, a palavra traduzida como “casa” podia referir-se aos membros de uma família e, em alguns casos, podia incluir escravos e empregados. Às vezes, referia-se aos que moravam ou trabalhavam no palácio do rei. (At 7:10; Fil 4:22) A mesma palavra era usada para se referir a famílias reais como a dos Herodes e a dos Césares, onde conflitos e divisões eram comuns e contribuíram para a sua queda.

dedo de Deus: Jesus estava a referir-se ao espírito santo, conforme mostra o relato de Mateus sobre uma conversa parecida que Jesus teve numa ocasião anterior. Aqui em Lucas, Jesus falou sobre expulsar demónios “por meio do dedo de Deus”, e em Mateus ele falou sobre fazer isso “por meio do espírito de Deus”, a sua força ativa. — Mt 12:28.

varrida: Alguns manuscritos dizem “desocupada, varrida”. Mas a opção usada aqui no texto principal aparece em vários dos manuscritos mais antigos e confiáveis. O texto de Mt 12:44 usa a palavra grega para “desocupada” ao citar uma declaração de Jesus parecida com esta registada por Lucas. Alguns estudiosos acreditam que um copista acrescentou a palavra “desocupada” aqui em Lucas para harmonizar o relato com o de Mateus.

o sinal de Jonas: Noutra ocasião, Jesus já tinha usado a expressão “o sinal de Jonas” e explicado que essa expressão estava ligada à sua morte e ressurreição. (Mt 12:39, 40) Para Jonas, ser libertado da barriga do peixe depois de “três dias e três noites” foi como ser ressuscitado da Sepultura. (Jon 1:17–2:2) A ressurreição de Jesus da sepultura literal seria tão real como o que aconteceu a Jonas. No entanto, mesmo depois da ressurreição de Jesus no terceiro dia, aqueles críticos teimosos não tiveram fé nele. Jonas também serviu como um sinal porque pregou com coragem, levando os ninivitas a arrependerem-se. — Mt 12:41; Lu 11:32.

rainha do sul: Ou seja, a rainha de Sabá. Acredita-se que o reino dela ficava no sudoeste da Arábia. — 1Rs 10:1.

rainha do sul: Veja a nota de estudo em Mt 12:42.

uma lâmpada: Nos tempos bíblicos, a lâmpada que as pessoas usavam em casa era um pequeno recipiente de barro. Elas colocavam azeite dentro da lâmpada para alimentar a chama.

um cesto: Usado para medir a quantidade de grãos e de outras mercadorias secas. O tipo de “cesto” (em grego, módios) que Jesus mencionou aqui tinha capacidade para cerca de 9 litros.

uma lâmpada: Veja a nota de estudo em Mt 5:15.

um cesto: Veja a nota de estudo em Mt 5:15.

lâmpada do corpo é o olho: O olho literal que vê bem é como uma lâmpada acesa num lugar escuro. Ele permite que a pessoa veja e fique ciente das coisas à sua volta. Neste versículo, a palavra “olho” é usada em sentido figurado. — Ef 1:18.

focado: Ou: “límpido; saudável”. A palavra grega usada aqui, haploús, tem o sentido básico de “simples; único”. Pode transmitir a ideia de concentrar a mente num único objetivo. O olho literal que funciona bem é capaz de se focar em apenas uma coisa. Quando uma pessoa tem o olho figurativo focado na coisa certa (Mt 6:33), toda a sua personalidade muda para melhor.

invejoso: Lit.: “mau; perverso”. O olho literal que tem algum problema não consegue ver claramente. Do mesmo modo, um olho invejoso não consegue concentrar-se no que é realmente importante. (Mt 6:33) Um olho assim é descontente, ganancioso, distraído e traiçoeiro. A pessoa com um olho invejoso não consegue ver as coisas do ponto de vista correto. Por causa disso, usa a vida para buscar os seus próprios interesses, em vez de se concentrar em servir a Deus. — Veja a nota de estudo em Mt 6:22.

lâmpada do corpo é o olho: Veja a nota de estudo em Mt 6:22.

focado: Veja a nota de estudo em Mt 6:22.

invejoso: Veja a nota de estudo em Mt 6:23.

se lavar: Muitos manuscritos muito antigos usam aqui a palavra grega baptízo (mergulhar; imergir). Embora na maioria das ocorrências essa palavra se refira ao batismo cristão, em Lu 11:38 refere-se a diversas lavagens rituais que eram repetidas de acordo com a tradição judaica. Em Jerusalém, descobertas arqueológicas indicam que os judeus daquela época realizavam banhos de purificação por imersão, o que talvez apoie o uso de baptízo aqui. Mas outros manuscritos muito antigos usam aqui a palavra grega rhantízo, que significa “aspergir (borrifar); purificar por aspergir”. (He 9:13, 19, 21, 22) De qualquer modo, os dois grupos de manuscritos transmitem a mesma ideia: os judeus devotos não comiam sem antes se lavarem, realizando algum ritual de purificação.

se lavou: Ou seja, lavou-se por seguir um ritual de purificação. Embora na maioria das ocorrências a palavra grega baptízo (mergulhar; imergir) se refira ao batismo cristão, aqui refere-se a diversas lavagens rituais que eram repetidas de acordo com a tradição judaica. — Veja a nota de estudo em Mr 7:4.

deres algo a um pobre: Ou: “fizeres dádivas de misericórdia”. A palavra grega eleemosýne, que muitas Bíblias traduzem como “esmola”, está relacionada com as palavras gregas para “misericórdia” e “ser misericordioso”. Refere-se ao dinheiro ou à comida que alguém dá de boa vontade para ajudar um pobre.

deem aos pobres: Ou: “façam dádivas de misericórdia”. — Veja a nota de estudo em Mt 6:2.

do que está no íntimo: Lit.: “das coisas que estão dentro”. Visto que o versículo seguinte fala da importância da justiça e do amor (Lu 11:42), é provável que Jesus estivesse a referir-se, não ao que estava dentro de copos ou pratos, mas ao que estava dentro (no íntimo) da pessoa. Para que uma boa ação seja um verdadeiro ato de misericórdia, precisa de vir de dentro, ou seja, de um coração disposto e cheio de amor.

o décimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas: De acordo com a Lei mosaica, os israelitas deviam dar a Jeová um décimo (dízimo) das suas colheitas. (Le 27:30; De 14:22) A Lei não dizia especificamente que os israelitas deviam dar um décimo de ervas como a hortelã e a arruda, mas Jesus não condenou essa tradição. O que ele condenou foi o facto de os escribas e os fariseus insistirem demais em detalhes da Lei que tinham pouca importância e não ensinarem os princípios por trás da Lei, como a justiça e o amor a Deus. Quando Jesus, mais tarde, fez uma declaração parecida (Mt 23:23), ele falou da hortelã, do endro e do cominho.

primeiros assentos: Ou: “melhores assentos”. Os presidentes da sinagoga e os convidados importantes, pelos vistos, sentavam-se perto dos rolos das Escrituras, onde todos podiam vê-los. É provável que esses lugares especiais já estivessem reservados para essas pessoas de destaque.

nas praças públicas: Ou: “nos mercados; nos lugares de reunião”. A palavra grega agorá é usada aqui para se referir a uma área aberta que existia nas cidades do Antigo Oriente Próximo e de outras regiões influenciadas pelos impérios grego e romano. Essas praças públicas serviam como centro de compras e vendas, e como local de reuniões públicas.

primeiros assentos: Veja a nota de estudo em Mt 23:6.

praças públicas: Veja a nota de estudo em Mt 23:7.

sepulcros caiados: No Israel antigo, era comum que os sepulcros, ou túmulos, fossem pintados com cal para os deixar brancos e bem visíveis. Assim, as pessoas que passassem por eles não correriam o risco de ficarem impuras por terem ‘tocado numa sepultura’. (Núm 19:16) A Mishná judaica (Shekalim 1:1) diz que os sepulcros eram caiados uma vez por ano, um mês antes da Páscoa. Jesus usou essa metáfora para representar a atitude hipócrita daqueles líderes religiosos.

sepulturas que não são facilmente vistas: Ou: “sepulturas que não são assinaladas”. Parece que a maioria dos túmulos dos israelitas era simples e não chamava a atenção. Alguns deles, como mostra este versículo, eram tão discretos que as pessoas talvez andassem sobre eles sem se aperceberem. De acordo com a Lei mosaica, quem tocasse num morto, num osso humano ou numa sepultura ficava impuro durante sete dias. (Núm 19:16) Por isso, para evitar que alguém andasse sobre um túmulo sem querer, os israelitas tentavam torná-los mais visíveis e pintavam-nos com cal uma vez por ano. Neste versículo, Jesus, pelos vistos, queria dizer que quem se associava com os fariseus, pensando que eles eram boas pessoas, acabava, sem se aperceber, por ser contaminado pelas atitudes erradas e pelo modo de pensar impuro deles. — Veja a nota de estudo em Mt 23:27.

a sabedoria de Deus também disse: Pelos vistos, significa “Deus, na sua sabedoria também disse”. Noutra ocasião, Jesus disse: “Estou a enviar profetas, sábios e instrutores públicos.” — Mt 23:34.

fundação do mundo: A palavra grega para “fundação” é traduzida como “conceber” em He 11:11, onde aparece juntamente com a palavra “descendente”. Aqui, na expressão “fundação do mundo”, a palavra grega parece referir-se à época em que Adão e Eva geraram filhos. Em Lu 11:50, 51, Jesus relacionou “a fundação do mundo” com Abel. Pelos vistos, Abel foi o primeiro humano a receber a oportunidade de ser salvo pelo resgate e de ter, desde “a fundação do mundo”, o nome escrito no rolo da vida. — Ap 17:8.

fundação do mundo: A palavra grega para “fundação” é traduzida como “conceber” em He 11:11, onde aparece juntamente com a palavra “descendente”. Aqui, na expressão “fundação do mundo”, a palavra grega parece referir-se a quando Adão e Eva tiveram filhos. Jesus relacionou “a fundação do mundo” com Abel. Pelos vistos, Abel foi o primeiro humano em condições de ser salvo pelo resgate e de ter, desde “a fundação do mundo”, o nome escrito no rolo da vida. — Lu 11:51; Ap 17:8; veja a nota de estudo em Mt 25:34.

desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias: Com esta declaração, Jesus referiu-se a todos os servos de Jeová mencionados nas Escrituras Hebraicas que foram assassinados: desde Abel, que aparece no primeiro livro (Gén 4:8), até Zacarias, mencionado em 2Cr 24:20. Crónicas é o último livro do cânon tradicional judaico. Portanto, quando Jesus disse ‘desde Abel até Zacarias’, ele estava a dizer “do primeiro até ao último caso”.

desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias: Veja a nota de estudo em Mt 23:35.

entre o altar e a casa: Aqui, “casa”, ou templo, refere-se ao edifício onde ficavam o Santo e o Santíssimo. De acordo com 2Cr 24:21, Zacarias foi assassinado “no pátio da casa de Jeová”. O altar da oferta queimada ficava no pátio interno, em frente à entrada do santuário. (Veja o Apêndice B8.) Portanto, o que Jesus disse estava de acordo com o relato em 2Cr 24:21.

chave do conhecimento: Na Bíblia, aqueles que recebiam uma chave (literal ou simbólica) recebiam certo grau de autoridade. (1Cr 9:26, 27; Is 22:20-22) Por isso, a palavra “chave” passou a representar autoridade e responsabilidade. Aqui, parece que Jesus usou a palavra “conhecimento” para se referir ao conhecimento que vem de Deus, visto que estava a falar com líderes religiosos que eram peritos na Lei. Aqueles líderes tinham a obrigação de usar o seu poder e autoridade para abrir as portas do conhecimento sobre Deus às pessoas, explicando corretamente a palavra dele. Noutra ocasião, Jesus disse que os líderes religiosos ‘fechavam o Reino dos céus diante dos homens’. (Mt 23:13) Portanto, parece que aqui Jesus também estava a referir-se ao Reino dos céus quando falou de um lugar em que os líderes não entraram nem deixavam outros entrar. Como não ajudavam as pessoas a conhecer a Deus, eles estavam a apoderar-se da chave do conhecimento, roubando a muitas delas a oportunidade de entenderem corretamente a Palavra de Deus e de entrarem no Reino.

começaram a pressioná-lo fortemente: A expressão grega usada aqui pode referir-se literalmente a cercar alguém. Mas, neste contexto, parece descrever os sentimentos agressivos dos líderes religiosos que tentavam intimidar Jesus. O verbo grego traduzido aqui como “pressioná-lo” é traduzido em Mr 6:19 como “nutria ressentimento”, e é usado para descrever o profundo ódio que Herodias sentia por João Batista.

Multimédia

Escorpião
Escorpião

Existem mais de 600 espécies de escorpiões, e o seu tamanho geralmente varia entre menos de 2,5 centímetros e 20 centímetros. Dessas espécies, cerca de dez já foram encontradas em Israel e na Síria. O veneno de várias espécies de escorpião chega a ser mais potente do que o de muitas víboras do deserto. Mas a quantidade de veneno da picada do escorpião é menor e normalmente não é fatal para humanos. Esta fotografia mostra o escorpião mais venenoso encontrado em Israel, o escorpião-amarelo-da-palestina (Leiurus quinquestriatus). A dor intensa causada pela picada do escorpião é mencionada em Ap 9:3, 5, 10. Os escorpiões eram comuns tanto no deserto da Judeia como no “assustador deserto” da península do Sinai. — De 8:15.

Suporte para lâmpada
Suporte para lâmpada

O suporte para lâmpada mostrado aqui (1) foi desenhado com base em peças do primeiro século EC, encontradas em Éfeso e em Itália. Esse tipo de suporte provavelmente era usado em casas de pessoas ricas. Em casas mais pobres, a lâmpada ficava numa abertura na parede (2), era pendurada no teto ou era colocada em cima de um suporte simples de barro ou madeira.

Arruda
Arruda

A arruda é um arbusto com um cheiro forte. Pode chegar a cerca de 1 metro de altura e tem um longo ciclo de vida. Os galhos da arruda têm uma espécie de penugem e as suas folhas são de um tom verde-acinzentado. A arruda produz flores amarelas que formam ramalhetes quando crescem. Tanto a variedade de arruda mostrada aqui (Ruta chalepensis latifolia) como a variedade conhecida como arruda comum (Ruta graveolens) crescem em Israel. Nos dias de Jesus, a arruda talvez fosse cultivada para uso medicinal ou para ser usada como tempero. A arruda é mencionada apenas uma vez na Bíblia, em Lu 11:42. Neste versículo, Jesus condenou os fariseus que, de maneira hipócrita, se preocupavam em dar um décimo das ervas que colhiam, mas deixavam de lado aspetos mais importantes da Lei. — Compare com Mt 23:23.

Praças
Praças

As praças eram áreas abertas usadas como locais de reuniões públicas e como mercados. Alguns mercados ficavam ao longo de uma rua, como mostrado aqui. Os vendedores costumavam colocar tantas mercadorias na rua que dificultavam a movimentação das pessoas. Os moradores podiam comprar alimentos frescos, itens para a casa, artigos de barro ou cerâmica e objetos caros feitos de vidro. Como na época não existiam frigoríficos, as pessoas precisavam de ir ao mercado todos os dias para comprar alimentos. Ali, ficavam a saber de notícias trazidas pelos comerciantes ou por outras pessoas de fora. As crianças brincavam nesses lugares, e quem estava sem trabalho ficava ali à espera de que alguém o contratasse. Nessas praças, Jesus curou doentes e Paulo pregou. (At 17:17) Os orgulhosos escribas e fariseus gostavam de chamar a atenção e de ser cumprimentados nessas áreas públicas.