Minha família é de Tonga, um país composto por cerca de 170 ilhas, localizado no sudoeste do Pacífico. A vida em Tonga era simples, não tínhamos energia elétrica nem automóvel. Mas na nossa casa havia água encanada, e tínhamos algumas galinhas. Nas férias da escola, eu e meus dois irmãos ajudávamos nosso pai a cuidar da plantação da família; nós produzíamos banana, inhame, taro e mandioca. O cultivo desses itens complementava os poucos recursos que meu pai ganhava fazendo uns bicos. Assim como muitos outros moradores das ilhas, nossa família respeitava muito a Bíblia e frequentava a igreja. Mesmo assim, nós achávamos que o único jeito de ter uma vida melhor era mudando para um país mais rico.

 Quando eu tinha 16 anos, meu tio ajudou nossa família a se mudar para a Califórnia, nos Estados Unidos. Foi muito difícil nos adaptar às diferenças culturais. Apesar de nossa situação econômica ter melhorado, nós morávamos num lugar pobre, onde havia muito uso de drogas e crimes violentos. Nós sempre ouvíamos sons de tiros à noite, e a maioria de nossos vizinhos tinha medo das gangues de criminosos. Muitas pessoas portavam armas de fogo para se proteger ou para resolver conflitos. Até hoje tenho uma bala alojada no peito por causa de um desses conflitos.

 No ensino médio, eu queria ser aceito pelos outros jovens. Aos poucos me envolvi cada vez mais em festas descontroladas, bebedeiras, violência e uso ilegal de drogas. Logo fiquei viciado em cocaína. Comecei a roubar para conseguir comprar drogas. Os membros da minha família eram bem religiosos, mas eu nunca fui ajudado a resistir à pressão de colegas para fazer o que é errado. Fui detido várias vezes por causa de atos violentos. Minha vida estava fora de controle! Por fim, acabei na prisão.

 Certo dia em 1997, enquanto eu estava na prisão, outro prisioneiro viu que eu estava segurando uma Bíblia. Era Natal, uma época considerada muito sagrada pela maioria do povo de Tonga. Ele me perguntou se eu sabia o que a Bíblia realmente ensina sobre o nascimento de Jesus, mas eu não tinha a menor ideia. Ele mostrou para mim na Bíblia o relato simples sobre o nascimento de Jesus. Percebi que muitos aspectos tradicionais do Natal não são nem mencionados na Bíblia. (Mateus 2:1-12; Lucas 2:5-14) Fiquei muito surpreso e curioso sobre o que mais a Bíblia ensina. Aquele homem estava assistindo às reuniões semanais que as Testemunhas de Jeová realizavam na prisão, e eu decidi assistir também. Eles estavam considerando o livro bíblico de Apocalipse. Eu não entendia muito o que estava sendo dito, mas percebi que tudo o que ensinavam estava na Bíblia.

 Quando as Testemunhas de Jeová me ofereceram meu próprio estudo da Bíblia, eu aceitei com alegria. Aprendi pela primeira vez sobre a promessa bíblica de um futuro paraíso na Terra. (Isaías 35:5-8) Ficou claro para mim que, para agradar a Deus, eu precisaria fazer grandes mudanças na vida. Entendi que Jeová Deus não iria permitir que eu entrasse no Paraíso se eu continuasse com meus vícios. (1 Coríntios 6:9, 10) Por isso, decidi controlar meu temperamento agressivo, parar de fumar e nunca mais voltar a beber demais nem usar drogas.

 Em 1999, antes de terminar minha sentença na prisão, as autoridades me transferiram para um campo de detenção de imigrantes. Não tive contato com as Testemunhas de Jeová por mais de um ano. Mas estava determinado a continuar fazendo mudanças. No ano 2000, o governo cancelou minha permissão para morar nos Estados Unidos, então fui deportado para Tonga.

 De volta a Tonga, logo procurei as Testemunhas de Jeová e continuei meu estudo da Bíblia. Eu amava o que estava aprendendo e ficava impressionado ao ver que as Testemunhas de Jeová da ilha baseavam todos os seus ensinos na Bíblia, assim como as Testemunhas de Jeová nos Estados Unidos.

 Meu pai voltava a Tonga todo ano, e ele era bem conhecido na comunidade porque ele tinha uma posição de grande responsabilidade na igreja dele. Por isso, no começo, minha família ficava intrigada e irritada por eu me associar com as Testemunhas de Jeová. Mais tarde, porém, meus pais ficaram contentes porque os princípios da Bíblia estavam me ajudando a levar uma vida melhor.

 Uma das coisas mais difíceis para mim foi vencer o abuso de uma bebida muito comum na minha cultura. Muitos homens de Tonga gastam horas toda semana bebendo kava, uma bebida com efeito sedativo produzida das raízes do pimenteiro. Quando voltei ao meu país, comecei a ir a um bar de kava quase todas as noites e bebia a ponto de quase ficar inconsciente. Parte do problema era minha amizade com pessoas que não respeitavam os padrões da Bíblia. Depois, fui ajudado a ver que meus hábitos ofendiam a Deus. Fiz mudanças para ter a bênção e a aprovação de Deus.

 Eu comecei a assistir a todas as reuniões das Testemunhas de Jeová. A amizade com outros que estavam tentando agradar a Deus me ajudou a resistir às tentações. Em 2002, fui batizado como Testemunha de Jeová.

 Fui beneficiado pela paciência de Deus, conforme descrito na Bíblia: “Jeová . . . é paciente com vocês, porque não deseja que ninguém seja destruído, mas deseja que todos alcancem o arrependimento.” (2 Pedro 3:9) Com certeza Jeová poderia ter acabado com este sistema velho e corrupto há muito tempo, mas ele tem permitido que o sistema exista o tempo suficiente para pessoas como eu desenvolverem uma amizade com ele. Eu gosto de pensar que ele pode me usar para ajudar outros a fazer o mesmo.

 Com a ajuda de Jeová, eu recuperei o controle da minha vida. Eu não roubo mais as pessoas para sustentar um vício mortal. Em vez disso, tento ajudá-las a se tornar amigas de Jeová também. Pelo meu convívio com as Testemunhas de Jeová, conheci minha querida esposa, Tea. Temos uma vida familiar muito feliz com nosso filhinho. Juntos, ensinamos a outros o que a Bíblia diz sobre a futura esperança de vida eterna em um paraíso pacífico.